PRÁTICA DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NOS CURSOS DE ENGENHARIA OFERTADOS POR INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS NO BRASIL

Autores

  • Felipe Guilherme Oliveira-Melo Universidade Federal do Vale do São Francisco - Campus Salgueiro. Universidade Federal da Bahia.
  • Débora da Conceição Araújo Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus Salgueiro-PE. Universidade Federal de Pernambuco.
  • Ava Santana Barbosa Universidade Federal da Bahia
  • Ângelo Márcio Oliveira Sant'Anna Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

Atividades de Extensão, Curricularização da Extensão, Ensino de Engenharia, Questionário do Estudante.

Resumo

Considerando a Resolução nº 7/2018/CNE/CES (Brasil, 2018), que estabeleceu as diretrizes para a integração da extensão no Ensino Superior, este artigo visa avaliar a prática da extensão universitária em cursos de Engenharia no Brasil a partir de dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Parte-se de uma pesquisa com base em dados secundários e abordagem quantitativa para descrever características relacionadas à realização de atividades extensionistas. Foram incluídos na análise 332 cursos de Engenharia, ofertados por 106 instituições de ensino públicas. Os cursos foram agrupados por meio da técnica estatística multivariada de análise de agrupamento, de acordo com o engajamento em atividades extensionistas, a partir da percepção dos estudantes. A análise dos dados revelou padrões distintos de engajamento em atividades extensionistas entre diferentes áreas de avaliação dos cursos de Engenharia, regiões geográficas, categorias administrativas e organizações acadêmicas. A curricularização da extensão ainda está em fase de consolidação, especialmente em cursos tradicionais (com forte ênfase em conhecimento técnicos) e em regiões menos desenvolvidas. Os resultados destacam a necessidade de suporte contínuo para a curricularização da extensão, enfatizando a importância de mudanças culturais entre docentes e discentes. Conclui-se que a curricularização da extensão nos cursos de Engenharia no Brasil está em evolução. A implementação efetiva depende de políticas institucionais coordenadas, de suporte financeiro e cultural e de uma abordagem que considere as especificidades locais e regionais. Este estudo estabelece uma base para futuras comparações, especialmente com os dados dos próximos ciclos avaliativos do SINAES, que permitirão avaliar o progresso e os impactos das ações extensionistas na Educação em Engenharia. 

Biografia do Autor

  • Felipe Guilherme Oliveira-Melo, Universidade Federal do Vale do São Francisco - Campus Salgueiro. Universidade Federal da Bahia.

    Doutorando e Mestre em Engenharia Industrial (PEI/UFBA) e graduado em Engenharia de Produção (UFAL/Campus do Sertão). Professor do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Vale do São Francisco - Campus Salgueiro. Pesquisador no Grupo de Pesquisa Educação em Perspectiva na Engenharia de Produção (EDUPEP/UTFPR).

  • Débora da Conceição Araújo, Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus Salgueiro-PE. Universidade Federal de Pernambuco.

    Doutoranda e mestre (2019) em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco, com graduação em Licenciatura em Computação pela Universidade de Pernambuco (2016). Professora do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus Salgueiro-PE. Atualmente conduz pesquisas nas áreas de aprendizado de máquina, ciência de dados e processamento de linguagem natural.

  • Ava Santana Barbosa, Universidade Federal da Bahia

    Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia (2002), tem mestrado (2006) e doutorado (2010) em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo. É professora associada do curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Atua como professora do Programa de Pós-graduação em Engenharia Industrial (PEI /UFBA).

  • Ângelo Márcio Oliveira Sant'Anna, Universidade Federal da Bahia

    Graduado em Estatística pela Universidade Federal da Bahia (2003), mestrado e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2006, 2009). Atualmente, é professor do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal da Bahia. Atua como professor permanente nos Programas de Pós-graduação: em Engenharia Industrial (PEI /UFBA) e em Mecatrônica (PPGM /UFBA); e em Engenharia de Produção e Sistemas (PPGEPS /PUCPR).

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Publicado

2025-07-07